Há um consenso estabelecido de que as escolas contêm mais alunos matriculados do que a modalidade de ensino em casa. Porém, provavelmente essa disparidade não seja proveniente de uma escolha metodológica, e sim esteja sendo influenciada pelas condições e circunstâncias difíceis de aplicação do homeschooling na prática.
Falar em educação domiciliar soa fácil quando se expõe apenas a proposta. Pais educando os filhos parece algo simples (até trivial), porém a realidade prática revela muitos desafios, os quais listaremos abaixo:
1) Material
O principal desafio, sem dúvida, é encontrar material. Antes mesmo de tentar pesquisar as regras e amparos regulatórios do país, os pais temem precisar correr atrás de livros, materiais didáticos e também cronograma organizado de estudos para passar com seus filhos. Os países que legalizam homeschooling não fornecem um material do governo de maneira que o pai possa ir até uma biblioteca pública e alugar. Pelo contrário, deixam a iniciativa privada se encarregar desse aspecto, da mesma forma que a iniciativa privada oferece escolas particulares. Mas algumas iniciativas interessantes já estão aparecendo. No Brasil, por exemplo, já existe um material para homeschooling cuidadosamente preparado, com divisões por formação. O site Homeschooling Brasil organizou um material para cada etapa de ensino, desde o primeiro ano até o 8º ano. Os conteúdos didáticos seguem as especificações do MEC e visam a preparar o homeschooler para as avaliações anuais. O site divide as formações em dois grandes blocos: fundamental I e fundamental II. É um excelente ponto de partida para quem não quer ter que organizar todo o seu material sozinho. Esse tipo de iniciativa certamente irá facilitar e encorajar os pais a darem o primeiro passo em direção à educação domiciliar.
2) Interações sociais
Na escola é fácil o estudante fazer amigos, pois geralmente o aluno permanece na mesma turma todos os anos e tem a possibilidade de conviver um ou dois turnos com cerca de 20 a 30 alunos. Por isso, existe uma preocupação válida a respeito da interação e convívio social que uma criança educada em casa poderá vivenciar. Algumas soluções para esse desafio incluem procurar matricular os filhos em atividades que tenham outras crianças como aulas de música, aulas de esportes (escolinha de futebol, tênis, vôlei, etc.), escola de idiomas, entre outros. Além – é claro – de proporcionar um convívio social entre amigos (que podem ser amigos de condomínio, de bairro ou da igreja).
3) Tempo
Quando os pais são responsáveis por administrar as aulas, surge o desafio do tempo; afinal, o papel do professor será desempenhado pelo pai ou pela mãe. De fato, é necessário estabelecer um horário diário para não apenas dar as aulas, mas também para preparar o conteúdo que será ministrado. Mesmo que os pais estejam seguindo um tutorial ou cronograma pronto, é importante sempre se preparar previamente para que os alunos se concentrem e encarem aquele momento com seriedade. A boa notícia é que o tempo despendido não é tão longo como em um colégio. Geralmente, um aluno de homeschooling aprende mais rápido (haja vista a educação exclusiva), portanto os pais conseguem administrar todo o conteúdo utilizando 20-30% do tempo que seria necessário em uma escola.